Para quem nunca ouviu essa frase antes, ela pertence à menina-personagem de 6 anos, Mafalda. Ela ficou muito conhecida por suas pequenas historinhas em quadrinho que sempre tinham uma “moral” para ensinar. Seu autor foi Joaquín Salvador Lavado, o Quino, considerado o cartunista de língua espanhola mais famoso e traduzido do mundo.
Aproprio-me dessa frase hoje, quando, nos primeiros 6 meses do ano perdi minha avó materna e meu pai – meu grande amigo -, há pouco mais de 1 mês.
Conversando com meu marido, disse para ele que eu deveria ter, sei lá, muitos e muitos meses para me afundar em alguma tristeza latente, depressão profunda da alma. Eu queria ter tempo para ter o DIREITO de me perder na minha tristeza. Acho que, quem passou por coisas tão traumáticas e situações tão terríveis assim, deveria ter o direito de poder parar o mundo, se quisesse. De descer. De desistir, talvez.
Felizmente, Deus não nos dá essa saída, esse “direito”. Em 2 Coríntios 4:16-18, o apóstolo Paulo, iluminado por Deus, nos diz: “Por isso não desanimamos. Embora exteriormente estejamos a desgastar-nos, interiormente estamos sendo renovados dia após dia, pois os nossos sofrimentos leves e momentâneos estão produzindo para nós uma glória eterna que pesa mais do que todos eles. Assim, fixamos os olhos, não naquilo que se vê, mas no que não se vê, pois o que se vê é transitório, mas o que não se vê é eterno.”. E, sim, ele chama essa minha tribulação de LEVE. “Leve, apóstolo Paulo? Leve? Olha só o meu sofrimento! Olha só a minha dor! Eu tenho o direito de desistir, de enlouquecer um pouco. Eu mereço.”. E essa seria resposta do apóstolo Paulo para as minhas indagações: “São ministros de Cristo? (falo como fora de mim) eu ainda mais: em trabalhos, muito mais; em açoites, mais do que eles; em prisões, muito mais; em perigo de morte, muitas vezes. Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um. Três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo; Em viagens muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos dos da minha nação, em perigos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos irmãos; Em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes, em fome e sede, em jejum muitas vezes, em frio e nudez. Além das coisas exteriores, me oprime cada dia o cuidado de todas as igrejas. Quem enfraquece, que eu também não enfraqueça? Quem se escandaliza, que eu me não abrase? Se convém gloriar-me, gloriar-me-ei no que diz respeito à minha fraqueza.”.(2 Coríntios 11:23-30)
É… a Bíblia tem resposta para tudo! É um tremendo tapa de luva nos meus sofrimentos, nas minhas dores, no meu EU. “Se convém gloriar-me, gloriar-me-ei no que diz respeito à minha fraqueza.”. Uau! Se cada um de nós, cristãos, realmente seguíssemos a Palavra de Deus, teríamos muitos mais consoladores, fortes, fieis seguidores de Cristo, do que “dodóis”, fracos, rebeldes, caluniadores do cristianismo, que envergonham os chamados cristãos.
Um pastor de que gosto muito costuma dizer que se nós chorássemos mais dentro das quatro paredes do nosso quarto, na presença de Deus, não faríamos escândalo na presença dos homens. Sobre isso, a Palavra de Deus nos diz: “Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte; Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós.”. (1 Pedro 5:6-7). Se vamos nos humilhar diante de alguém, que seja diante do nosso Mestre, a quem as nossas dores devem ser realmente conhecidas.
E, por fim, quero dizer que se eu fosse fugir da minha tristeza, se eu fosse realmente querer que o mundo parasse para que eu descesse, ou desistisse, certamente me lembraria das sábias palavras de Simão Pedro respondendo ao Senhor Jesus: “Simão Pedro lhe respondeu: “Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras de vida eterna. Nós cremos e sabemos que és o Santo de Deus”.” (João 6:69).