Zumbido no ouvido

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Imagine um dia você acordar e ouvir um som de panela de pressão nos ouvidos. Você se levanta, toma seu café da manhã, inicia suas atividades do dia e esquece que ouviu esse som. No final do dia, ao deitar, quando tudo está em silêncio, você volta a ouvi-lo. Surge na sua cabeça, então, uma série de questionamentos: “O que será esse zumbido? Será alguma doença grave? Será que vou ouvir esse zumbido para sempre?”. 

A partir desse momento, seu cérebro entende o zumbido como uma ameaça, e passa a realçar o sintoma que será escutado não apenas ao deitar, mas também durante todo o seu dia. Você não consegue se concentrar no trabalho, o almoço com a família se torna cheio de preocupações porque você não consegue ouvir as conversas, você não consegue ler ou assistir à televisão, porque a panela de pressão está chiando constantemente, e ao deitar o zumbido te faz perder o sono, aumentando a sua ansiedade e prejudicando gravemente os afazeres do dia seguinte.

Felizmente, esse é um quadro observado na minoria das pessoas com zumbido. Cerca de 80% dos casos apresentam sintomas leves, sem maiores consequências no dia a dia.

E o que é esse zumbido? 

Bom, o zumbido, ou tinnitus, nada mais é do que ouvir um ou mais sons na ausência de estímulo sonoro externo. Ele pode ser escutado nos ouvidos ou na cabeç,a e pode ser contínuo ou intermitente, com períodos de melhora e piora. O som escutado pode se apresentar de diversas formas: Apito, chiado, panela de pressão, cigarra, cachoeira, batidas do coração, entre outras. 

É mais comum em idosos, podendo chegar a uma prevalência de até 35% em indivíduos com mais de 60 anos. Entre os pacientes com zumbido, a perda auditiva está presente em 85 a 96% dos casos. No entanto, nem todo paciente com perda auditiva tem zumbido.

Entre as causas, também vale a pena destacar as alterações metabólicas, como glicose e colesterol elevados, ou ainda distúrbios da tireoide, hipertensão arterial, uso de determinados medicamentos, doenças neurológicas, disfunções da articulação temporomandibular, etc.

O tratamento varia de acordo com a causa, sendo sempre necessária a avaliação de um Otorrinolaringologista. Entre as opções de tratamento, temos a adaptação de aparelho auditivo, a terapia de habituação sonora, acupuntura, fisioterapia, tratamento da disfunção temporomandibular, terapia cognitivo-comportamental, etc.

É importante salientar que, o objetivo do tratamento do zumbido é, em primeiro lugar, melhorar a qualidade de vida do paciente e reduzir o grau de incômodo provocado pelo sintoma. Isso significa que nem sempre o zumbido será totalmente suprimido, mas sim a sua percepção diminuída, gerando um ponto de equilíbrio entre o paciente e seu zumbido. Com isso, o paciente voltará a ter rendimento no trabalho, o sono será mais tranquilo e os encontros de família voltarão a ser prazerosos, mesmo com aquele zumbido ao fundo. Não podemos dizer, nesse caso, que houve a cura do zumbido, no entanto, o resultado foi extremamente satisfatório, não é mesmo?

Gabriela Simão

Gabriela Simão

Tenho 31 anos, sou médica Otorrinolaringologista, com ênfase em Otoneurologia, subárea da Otorrino que foca na tontura e zumbido. Me formei em Medicina pela Universidade Federal do Espírito Santo em 2015 e em Otorrinolaringologia em 2019 pela Universidade Federal de São Paulo. Fiz o fellowship em Otoneurologia na Universidade Federal de São Paulo, concluída em 2020. Moro atualmente em Vitória - ES, atuo como Otorrinolaringologista na Serra, em Vila Velha e Cachoeiro de Itapemirim e sou professora da Faculdade de Medicina Multivix em Cachoeiro de Itapemirim, onde leciono a disciplina de Bioética e tenho a oportunidade de fazer atendimentos em Otorrinolaringologia direcionados a pacientes do SUS com os alunos do oitavo período.

This Post Has One Comment

  1. Avatar
    Márcia

    Texto muito bom e esclarecedor !
    Parabéns!

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