Vou ter um bebê! E agora?

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Para pensar na real necessidade de tudo o que se diz que “tem que ter” para receber um bebê, vamos pensar na real necessidade do bebê. 

O recém-nascido estava há 9 meses se desenvolvendo nu, na água (aliás, no próprio xixi, RSS, é assim que é produzido o líquido amniótico, sabia?). Nos últimos meses, MESES, ele esteve encolhido, balançando a cada passada da mãe, com os sons abafados pelo líquido, útero e corpo materno. Ouvindo a voz da mãe, o coração da mãe batucar sem parar e os ruídos intestinais constantes. Com pouca luz. 

No momento em que sai do útero, vamos imaginar como seria uma transição tranquila e uma adaptação gradativa ao mundo do lado de cá da mamãe. Ele enxerga embaçado, não conhece seu corpo, o mundo é o que ele sente. E ele sente muito, tudo, até uma tensão no ar, um desconforto, uma irritação, um medo, uma amorosidade, uma alegria. 

Seu corpo precisa de contato constante – CONSTANTE – para que ele descubra seus limites físicos e se desenvolva. Berços não tem espinhos. Bebês PRECISAM de contato, e contato é igual a colo. Por isso eles se acalmam no colo, porque o colo é uma necessidade. Pelo colo, pelo olhar, pela observação e pela comunicação os bebês vão se desenvolver atentos e cientes de estarem amparados, o que os torna seguros, comunicativos e autoconfiantes. 

Os bebês precisam alimentar-se. A natureza prepara uma fórmula especial que por 5 dias vai trazer anticorpos, boas bactérias, alimento para boas bactérias, vai fazer uma forração no sistema gastrointestinal para proteger o bebê de alergias alimentares e para que ele comece a receber o leite verdadeiro. Essa fórmula se chama colostro. Bebês sentem atração primordial por formas arredondadas. Olhos e mamilos, seus maiores objetos de desejo. Garantem prazer e sobrevivência. No olhar apaixonado da mãe o bebê descobre o quanto é belo. Esse registro, como todos os dessa fase, fica gravado para toda a vida. No futuro, independente da forma do seu corpo, a sensação de merecer ser amado o acompanhará. 

Os sons e embalos, chiados e balanços, vão ativar uma memória prazerosa nos bebês deixando-os calmos. Carícias marcam o corpo do bebê para sempre, trazendo no futuro sensações prazerosas de amor ao serem tocados. Beliscões, tapas, mordidas, toques raivosos, doloridos, abusos, vão também registrar sensações de desconforto com o toque e o contato na vida adulta. O bebê humano só se apresenta com a autonomia dos outros mamíferos quando nascem, por volta de 1 aninho. Até essa idade é como se a gestação continuasse fora do útero. 

A Exterogestação.

Então… tudo o que reproduzir o ambiente intrauterino será bem-vindo. Tudo o que facilitar contato físico, como: 

– Slings;

– Carregadores ergonômicos;

– Ninho para pôr na cama;

– Almofada de amamentação. 

Tudo isso auxilia no desenvolvimento da criança. 

E quanto ao berço? 

Será comprado, acumulará itens da casa e será vendido com pouquíssimo ou quase nenhum uso. Essa é a realidade. É recomendado que o bebê durma no quarto dos pais por um ano, que é o período de maior risco de morte súbita que ocorre nessa fase e geralmente, no quarto sozinho. 

A Cama Compartilhada, se feita da forma correta, é segura. Para isso:

– O bebê deve ficar no canto protegido, a mamãe no meio e pai na beirada. Nunca o bebê no meio ou ao lado do pai (que costuma ter sono mais pesado nessa fase), nem na beirada sem proteção. 

– Acidentes acontecem se a mãe for obesa mórbida, drogadita ou alcoolista. 

– Bebê dorme mais e melhor. 

– Mãe dorme mais e melhor. 

– A amamentação se mantém por mais tempo. 

– Não causa dependência e insegurança na criança. 

– Traz segurança para o sono. 

– Pode ser prazeroso para todos. 

– A sexualidade do casal precisará ser adequada a outro ambiente e horários. Porém, se a mulher dorme melhor e está mais amparada e viveu um bom parto, o retorno da sexualidade é mais rápido e mais satisfatório. 

Assim, a cama compartilhada é uma prática que deve ser incentivada e orientada, porém cada casal deve experimentar e buscar a forma que melhor se adaptarem. Há fase em que os bebês dormem mais, tanto de dia quanto à noite, observe os picos de crescimento e saltos de desenvolvimento nas tabelas que você encontra na internet. 

Além disso, é necessária a compra de uma cadeirinha de carro, sendo até um item obrigatório por lei.

As roupas precisam ser macias, confortáveis e fáceis de vestir e tirar. Espere o final da gestação para comprar de acordo com o tamanho do bebê no último ultrassom. Fraldas de pano, descartáveis, toalhas fralda, cueiros, toalhas de boca, pijaminhas e tip-tops são a principal necessidade de vestimentas. 

Os banhos de banheira com redinha ou almofada, de balde, de chuveiro, devem ser feitos sempre com calma e com muito contato, uma vez por dia, e de preferência a noite, na rotina para o soninho. 

Tudo o que se diz que PRECISA, além do que foi dito, é facilmente substituível e pode ser desnecessário ou muito pouco usado. Mãe bem cuidada, bem servida, feliz e presente. Essa é a maior necessidade de um bebê. Então famílias, se atentem, cuidem das suas grávidas.

Francielle Silvano

Francielle Silvano

Mestre em Gestão de Políticas Públicas Fisioterapeuta com Formação em Uroginecologia e Sexualidade Terapeuta Corporal Reichiana Doula

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