Eu azedei

Quando crianças, temos sonhos, almejamos nos relacionar, temos amigos queridos, melhores amigos e os colegas. Queremos ficar acordadas até tarde da noite só para dizer que dormimos à “meia noite”! Organizamos festas do pijama e aniversário de bonecas. Empreendemos numa brincadeira de fim de tarde e viramos donas do mercadinho da rua. Pulamos corda, brincamos de pique pega, corremos, suamos, tomamos banho de chuva. 

Mas, quando a vida começa a ficar pesada, toda a vida divertida que nutrimos na infância e adolescência começa a azedar, e raros são os casos de mulheres que continuam alegres e vivas quando a maturidade cobra o seu preço. A vida adulta é realmente um vale de lágrimas. 

Lidamos com muitas cobranças e preocupações diárias que nos fazem deixar de viver uma vida leve, de paz e risadas. Uma criança ri até 400 vezes por dia, no entanto, o adulto mais alegre não excede 100 vezes, e a média fica entre 20 e 30 vezes. Conforme envelhecemos o riso e o sorriso desaparecem das nossas vidas, e simplesmente azedamos.

Vamos falar a verdade, o stress e viver para pagar contas tira o colorido dos nossos dias. Quando temos filhos, a alegria e a preocupação vêm em doses praticamente iguais e perduram por toda uma vida. Tomamos, alternadamente, uma taça de alegria e uma taça de tristeza. Uma preocupação aqui, um problema para resolver ali. E os nossos amigos, também estão vivendo o mar de lágrima deles, o que acaba nos afastando e tirando de nós o relacionamento que, antes, nos trazia refrigério, risadas, sonhos, leveza.

Sim, são muitas as inquietações. Sim, são diversos afazeres. São idas ao médico, diagnósticos, falta de dinheiro, falta de paciência, obrigações diárias, trabalho, patrões, metas, decepções… Tantos sabores amargos que terminam por azedar toda uma vida construída num castelo imaginário de princesa, com lindos e longos cabelos, e vestidos bufantes.

A parte mais difícil é olhar para trás e ver que aquela menininha não existe mais. Agora não temos tempo para brincar, para sonhar e para sorrir. Mas será mesmo?

A vida de nenhum adulto vive dos sonhos da criança. E a vida de nenhum cristão vive apenas do sabor de mel das vitórias. Todos os dias somos lançadas a um mar de tubarões e diversos perigos, e só podemos contar com a força do alto para nos manter o mais próximas possível da ESPERANÇA.

Depois de discorrer sobre todas as coisas que tendem a azedar nosso interior, para mim, aquilo que faz o sabor doce de novo é chamado de ESPERANÇA.

“Que o Deus da esperança os encha de toda alegria e paz, por sua confiança nele, para que vocês transbordem de esperança, pelo poder do Espírito Santo.”  (Romanos 15:13) 

Só existe uma maneira de viver uma vida leve, sem cobranças e pressões interiores na vida adulta: tendo esperança no Senhor.

A criança despretensiosa, tranquila e vivaz, descansa no cuidado de seus pais terrenos. Descansa ao saber que se cair, vai receber um beijo no machucado e a dor vai embora. Descansa ao saber que quando chegar da escola, a televisão, a paz e um gostoso lanche a esperarão. Descansa ao saber que quando chega a noite, um banho aquietador e uma cama macia e quentinha embalarão os seus sonhos. Descansa na certeza de que não importa o bicho-papão dentro do armário, seu pai e sua mãe fazem o medo sumir.

Quando crescemos e devemos nos deleitar no nosso Pai Todo-Poderoso, permitimos que a vida nos azede porque agora achamos que temos que nos virar, e nos cuidar, e ser forte. O “bicho-papão” de todos os dias não vai embora se eu mandar, mas ele não resiste à presença de Jesus. Os “dodóis” também são sarados após um encontro com o Pai. Ele nos proporciona paz, se decidirmos por esperar NELE, porque só Ele nos faz “deitar em pastos verdejantes e nos guia através de águas tranquilas”.

Busque e descanse na fonte doce do Senhor que jorra para a eternidade. Num mundo mal, Jesus é a nossa única esperança!