Aprendendo com as mulheres da Bíblia – Jael

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Jael foi uma mulher decidida e corajosa, que não desperdiçou a oportunidade de matar um inimigo do povo de Deus, ainda que ela própria fosse descendente dos queneus, membros de uma tribo nômade cuja sobrevivência dependia de sua habilidade para ficar longe de conflitos. O seu marido, Héber, fizera paz com os cananeus apesar de descender de Hobabe, cunhado de Moisés. Os laços antigos não mais pareciam convenientes, considerando o poder dos governantes cananeus à época. Os queneus não eram verdadeiros israelitas, mas descendentes da esposa de Moisés. Por serem nômades, viviam em tendas. Nos dias de Débora, eles acamparam ao pé do monte Tabor, em tendas situadas perto do lugar onde Baraque e Débora destruíram o exército de Jabim com seus novecentos carros de ferro. Jabim havia permitido que os queneus se instalassem em seu território porque esperava que eles se tornassem aliados contra os israelitas, mas Jabim estava errado, porque os queneus se aliaram a Israel.

Jael ouvira rumores de guerra. Ela sabia que Sísera, comandante do exército inimigo, havia marchado para o monte Tabor, em enfrentamento ao povo de Israel. E, inesperadamente, vê um homem correndo e, depois, tropeçando, em sua direção. Ela saiu ao encontro dele, surpreendendo-se ao descobrir que era o próprio Sísera que chegava. Quando Sísera pediu água e Jael lhe deu leite, ela estava oferecendo o que havia de melhor em casa. O povo daquela região apreciava essa bebida, feita com leite de cabra e colocada num odre velho que, depois, era chacoalhado. O leite, então, azedava ou fermentava, quando misturado com as bactérias que permaneciam no odre já usado anteriormente.

O relato dos juízes nos conta que, após ter falado com o comandante para oferecer segurança em sua morada, ela o cobriu com uma manta, deu-lhe leite para beber e concordou em vigiar a porta para enganar quem quisesse perguntar sobre Sísera. Em vez disso, ela pegou uma estaca da tenda e, com uma marreta, se aproximou silenciosamente dele, cravou a estaca em suas têmporas e o prendeu no chão. A traição de Jael e a exultação de Débora parecem um tanto excessivas porque no geral, tal comportamento não era atribuído às mulheres. Mas, pelos padrões da guerra naqueles dias, ambas eram heroínas. As duas eram mulheres decididas e corajosas que ajudaram o povo de Deus em um momento crítico da história. Débora havia dito a Baraque: “Não será tua a honra da jornada que empreenderes; pois à mão de uma mulher o Senhor venderá a Sísera” (Juízes 4.9). Em seu cântico, Débora exalta Jael: “Bendita seja entre as mulheres, Jael, mulher de Héber, o queneu; bendita seja entre as mulheres nas tendas” (Juízes 5.24).

Vemos assim que, por trás da história de Jael e da morte de Sísera está um Deus que prometeu nunca abandonar o seu povo e que cumpre essa promessa. Quando a esperança parece esvair-se e a perspectiva de vitória parece quase impossível, Deus está trabalhando, realizando seu plano. 

Quantas vezes o povo de Israel, durante o período dos juízes, deve ter exasperado Deus com suas contínuas transgressões. Quando as coisas corriam bem, eles esqueciam facilmente de Deus e seguiam suas próprias inclinações. Mas, no momento em que a situação ficava difícil, corriam para pedir socorro a Ele. E essa inconstância por parte do povo de Deus continua ainda hoje. Avançamos tão facilmente por nossa própria conta, pensando que podemos resolver tudo, até que encontramos um obstáculo intransponível para nós. Só estão pedimos ajuda a Deus e Ele, um Deus maravilhosamente surpreendente está sempre a postos, sempre pronto a resgatar-nos quando clamamos por Ele, usando os meios mais inusitados. Está sempre pronto e disposto a perdoar.

Luzelucia Ribeiro Da Silva

Luzelucia Ribeiro Da Silva

Professora, pastora, escritora, capelã hospitalar e psicanalista. Licenciada em Filosofia pela Faculdade Salesiana de Filosofia, Ciências e Letras de Lorena-SP (1987); Bacharel em Teologia pelo Instituto Bíblico das Assembleias de Deus em Pindamonhangaba-SP (1980), Ciências Teológicas pela Faculdade Boas Novas, Manaus-AM (2012); pós-graduada em Docência do Ensino Superior (AVM) (2009) e Revisão de Texto (2012). Com diversas obras publicadas como Tributo ao IBAD – 2002; Mulheres da Bíblia – 2002; Escola Dominical: a formação integral do cristão – 2008 (coautoria com Berenice Firmino Reis Araújo); Mulheres do Novo Testamento – 2011; Fundamentos da Educação Cristã – 2018; Memórias do IBAD – 2021; Rute & Ester: a fé e a coragem das mulheres - 2021 (coautora com Berenice Araújo); Jó, Provérbios, Eclesiastes e Cântico dos Cânticos (2024); comentarista das Revistas da Escola Dominical: Maturidade e Mordomia do Cristão (2013); Rute & Ester: a fé e a coragem das mulheres (2021) e Jó, Provérbios, Eclesiastes e Cântico dos Cânticos (2024). É membro da Academia Evangélica de Letras do DF – AELDF/DF.

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