Raquel, no hebraico, significa ovelha. O nome não era bem apropriado para esse personagem, pois ovelha é um animal que precisa ser guiado, cuidadosamente guardado pelo pastor, dependente, e a jovem Raquel era cheia de vida, de energia, de determinação e coragem, sem deter-se muito nas minúcias que deixavam as mulheres tão apegadas aos seus lares. No entanto, manipulada pelo pai, tinha pouco controle sobre as circunstâncias e os relacionamentos de sua vida. Em vez de lidar criativamente com as situações difíceis, comportou-se como uma perpétua vítima, reagindo ao pecado com mais pecado, piorando as coisas ao competir com a irmã e enganando o pai.
A vida de Raquel nos leva a refletir e confirmar que “aquilo que o homem semear, isso também ceifará”. Ela foi amada por Jacó desde o primeiro instante em que ele a viu à beira do poço, levando o rebanho do seu pai para beber água. Posteriormente, o pai de Raquel, Labão, prometera a filha ao sobrinho, Jacó, desde que ele trabalhasse sete anos em sua propriedade. Sete anos era um prazo longo para esperar um marido. Todavia, Jacó considerara essa uma boa troca, e Raquel o amou ainda mais.
Mas no dia do casamento Jacó foi enganado por Labão, que inventou um estratagema para conseguir mais sete anos de trabalho por parte de Jacó. O dia feliz de Raquel se desfez em pedaços no momento em que o pai mandou que a irmã mais velha, Lia, se disfarçasse colocando as roupas nupciais de Raquel. O plano distorcido de Labão continuava. Ele fez outro negócio entregando Raquel a Jacó, na semana seguinte, em troca de mais sete anos de trabalho. Agora, as duas irmãs viviam constrangidas, morando juntas, e os filhos de Lia constituíam uma lembrança dolorosa para Raquel, a segunda esposa, quando na verdade deveria ser a primeira, e que continuava estéril.
No entanto, por ser a mulher a quem Jacó amava, os filhos que Raquel lhe deu foram também amados com obsessão. José sentiu a inveja e o ciúme dos irmãos, sendo vendido como escravo para o Egito, ainda adolescente. Jacó não tirava os olhos de Benjamim, temendo que algo parecido também lhe sucedesse. Deus lembrou-se da promessa feita por Ele de nunca nos abandonar nem nos deixar sem apoio ou alívio quando fez que a estéril Raquel acalentasse os dois filhos. Foi uma dura competição com a irmã, mas Raquel sentia-se recompensada. E as palavras impensadas de Jacó quando confrontado por Labão sobre os ídolos do lar, levaram à morte de Raquel ao dar à luz o filho caçula, Benjamim.
A mensagem que fica desta história bíblica é que não devemos ver outras mulheres como rivais, mas como amigas em potencial e até como companheiras espirituais. Precisamos de maturidade e amizades que sejam verdadeiras e duradouras. Ser amada e não ter filhos poderia ter prolongado a vida de Raquel, mas ser amada e ter uma casa cheia de crianças foi o seu maior desafio.