Através dos séculos, a mulher foi conhecida como “a filha de fulano”, “a irmã de beltrano”, “a mulher de sicrano”. Onde estava a identidade da mulher? Por que ela não poderia ser ela mesma, sem acréscimos, sem muletas?
Encontramos no contexto bíblico a mulher em uma situação de inferioridade como as mulheres que pertenciam a outras nações. O pai ou marido podiam anular os votos que ela porventura fizesse, e ela não passava de uma possessão dentro da sociedade patriarcal fechada do Antigo Testamento.
Na Idade Média, as mulheres sofriam toda sorte de humilhações, consideradas “sem alma” e ao serem identificadas como feiticeiras, más, bruxas, eram queimadas publicamente. Na Nova Zelândia, de séculos passados, as meninas que nasciam eram motivo de dores e lágrimas, porque significava que agora havia “mais uma boca para ser alimentada.” Na Índia, hoje, a discriminação em relação às mulheres é impressionante, chegando a ser cruel a determinação do sexo da criança para abortá-la, se constatado que o bebê é uma menina.
Como sobreviveria a humanidade, ou melhor, qual teria sido o destina da humanidade sem a presença da mulher? Considerada “sexo frágil”, como tem se mantido forte, como tem sido altruísta, resiliente, determinada, lutadora e sábia na manutenção da sua prole, na provisão para o seu lar! Quanta força emerge de dentro dessa fraqueza que lhe atribuíram. E em busca de seu espaço ela parte para a luta, ainda cedo na vida. Quantas vezes explorada, violentada, ignorada, ferida, mas a mulher tem se mostrado ousada e forte, consciente do que busca: o direito a uma vida digna, livre da discriminação em todas as camadas da sociedade.
Ela está presente todos os dias, desde o início da criação; tem embalado berços, dos mais rústicos aos mais sofisticados; tem estancado o sangue de feridos, não só nas duas Grandes Guerras pelas quais nossa geração passou, mas em todos os conflitos sangrentos, em todas as partes do mundo; ela trabalha ombro a ombro com os homens, se impõe como profissional, se faz respeitar como tal. Ela amamenta, transmite a vida, garante a perpetuação da sua espécie.
Jesus Cristo, com seus métodos revolucionários de tratar as crianças, os pobres e as mulheres, resgatou-as do submundo em que foram arrojadas. Ele deixou claro que elas eram uma parte integrante e importante da criação, tanto necessárias quanto significativas; com valor próprio de pessoas em si mesmas e não apenas em relação aos homens.
Foi para uma mulher que Ele admitiu francamente pela primeira vez que era o Messias (Jo 4.26), e foi a uma mulher que Ele, pela primeira vez, revelou o objetivo da Sua vida – ter adoradores que O adorassem em espírito e em verdade -, e, foi ainda uma mulher a primeira testemunha da ressurreição (Jo 20.14)! Jesus foi a primeira pessoa em todo o mundo a reconhecer que a mulher tem personalidade espiritual, e colocou-a em pé de igualdade com o homem, perante Deus.
A Cristo, pois, rendamos toda honra, pela sensibilidade e distinção com que sempre lidou com as mulheres, alçando-as ao seu verdadeiro lugar – simplesmente o de ser mulher!