Violência doméstica no meio Cristão

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A violência doméstica não escolhe cor, idade, classe social, nem mesmo religião. Todas as religiões têm um papel importante na mudança de comportamento, razão que mostra a importância de a igreja falar com os homens, pois são eles os principais agressores. 

Muitas mulheres cristãs sofrem violência calada e não buscam ajuda. Isto pode acontecer porque, muitas vezes, não encontram o apoio e acolhimento necessários, podendo até chegar a serem desacreditadas. Mas como chegamos nesse ponto?

Toda a situação envolvendo a violência contra mulheres no contexto cristão faz parte de uma construção cultural iniciada há muitos anos e influenciada pela ideia da submissão feminina em tudo ao seu marido. Além disso, o sistema social atual pode ser compreendido também através de um conceito chamado “patriarcado”. Na prática, isto representou por muito tempo a ideia de que a figura do homem está diretamente ligada ao sustento da casa e provisão nas contas. Sendo assim, ele é o detentor do poder e só ele tem direito às decisões.

Uma vez li uma frase que guardei: “A submissão que a bíblia nos ensina, nunca foi a sujeição que a violência imputa”. Ser submissa não é aceitar todo tipo de abuso, seja ele psicológico, físico, financeiro, moral ou sexual, pois diante dessas coisas a mulher não pode se calar! Até porque um marido que ama a sua esposa como Cristo ama a igreja não pode jamais ser violento. 

E por isso te pergunto: Teu marido está te amando como Cristo ama a igreja quando ele te violenta? (Efésios 5:22-23)

A violência tira o propósito familiar, mancha o reflexo do amor do nosso Senhor à Sua noiva, pois não existe aliança onde há medo. A família está no centro da vontade de Deus e deve ser respeitada como tal. O cristão precisa ter o fruto do Espírito, dito isso, não dá para viver conivente com um cristão que tenha um comportamento totalmente pecaminoso e criminoso contra o seu cônjuge.        

O Apóstolo Paulo exaltava as mulheres porque elas desempenhavam um papel importante na construção do Evangelho, tanto que as primeiras pessoas que anunciaram a ressurreição de Cristo foram duas mulheres. Foi incumbido aos homens que amem suas esposas como Cristo ama a igreja, assim o primeiro ministério tem que começar dentro de casa e é ali, quando se cuida da própria casa, que se está cuidando da obra de Deus.          

Nesse sentido, Paulo foi enfático em dizer que devemos cuidar dos nossos primeiros, porque se não tomarmos conta da nossa casa, como poderemos tomar conta da casa de Deus? (1 Timóteo 3:5).

Contudo, a realidade que vemos hoje está bem distante das palavras de Paulo. Não é raro encontrar histórias de violência doméstica em que as mulheres são orientadas, por líderes religiosos ou outras pessoas que as cercam, a se calarem, orarem e a esperarem em Deus, já que o Ministério exercido pelo seu marido, depende dessa atitude dela! 

Quantos casos são abafados para “evitar escândalos”? Quantas vezes é necessário manter a mulher calada para manter a fachada de bom marido, de bom pai e bom obreiro, e isso ao preço de adoecer a mulher violentada já que violência tem efeitos devastadores para a mulher, como as dores físicas, o stress, a depressão, a ansiedade e outras doenças.

A igreja precisa urgentemente olhar com um olhar de amor e cuidado para essas mulheres, e tomar um papel ativo nessa mudança de comportamento, auxiliando principalmente no acolhimento e no processo de conscientização para que homens que cometem tais violências saibam que estão praticando um crime perante a Lei dos homens e perante a Lei de Deus! Nenhuma mulher deve enfrentar o problema sozinha e toda a sociedade é responsável pelas mulheres em situação de violência, inclusive a igreja.

Vania Pinheiro Rodrigues

Vania Pinheiro Rodrigues

Advogada, especialista em Direito de família e Cristã. Responsável jurídica da rede de apoio e acolhimento de mulheres vítimas da violência doméstica do Projeto de mãos dadas promovendo paz, da Igreja Assembleia de Deus na cidade de Criciúma/SC

This Post Has One Comment

  1. Avatar
    Raquel Marcon de Freitas

    Um assunto importantíssimo a ser debatido. Excelente matéria 👏🏻👏🏻

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